quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Notas sobre a experiência e o saber de experiência- breve resumo


O belo texto de Jorge Larrosa Bondía, traduzido por João W. Geraldi e publicado pela Revista Brasileira de Educação em 2002, explora o conceito de experiência/sentido no contexto da educação, propondo uma abordagem existencial e estética, a fim de dar sentido ao que somos e ao que nos acontece.
Inicia definindo o homem como "vivente dotado de palavra" e postula que o homem é palavra e o uso delas demonstra como damos sentido ao que somos e ao que nos acontece. Conceitua experiência como "o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca", afirma que o excesso de informação, de opinião e de trabalho, além da falta de tempo, não deixam espaço para a experiência.
Com isso a sociedade moderna acaba por produzir sujeitos fabricados e manipulados pelos aparatos da informação e opinião, um sujeito incapaz de experiência. Além disso, a velocidade dos acontecimentos e a obsessão pela novidade impedem uma conexão significativa entre os acontecimentos e consequentemente a construção da memória.
"A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço".
Define o sujeito da experiência como "um espaço onde têm lugar os acontecimentos", um sujeito exposto, disposto a ser transformado.
Define experiência como "passagem da existência, a passagem de um ser que não tem essência ou razão ou fundamento, mas que simplesmente “ex-iste” de uma forma sempre singular, finita, imanente, contingente".
A experiencia tem relação com a existência, com a vida singular e concreta, é o que nos permite nos apropriar da nossa própria vida!

Nenhum comentário:

Postar um comentário